terça-feira, 5 de junho de 2007

Ninja ZX12R: a segunda melhor mota do mundo (Parte I)





















CABUUUUUUUUMMMM!!!!! Um ninja12 assassino, que teve aulas com um taliban, explode-se com 10 quilos de Semtex contra a minha pessoa e a minha Busa, por causa da tamanha heresia que acabei de dizer ali no título.

Como assim a segunda melhor mota do mundo?!

Antes de começar e explicar-me quero fazer um enquadramento geral. A Kawasaki Ninja ZX12R é uma mota da categoria hiperdesportiva. É uma mota de estrada, com um motor de 4 cilindros 16v, 1199cc e mais de 190cv (de origem, declarados pelo fabricante, quando o ram air – admissão forçada de ar no motor – entra em funcionamento). É uma bestialidade de mota que tem performances do outro mundo, e foi construída para fazer concorrência a outra bestialidade de mota que é a Suzuki Hayabusa, de que já aqui falei (ver “A vida na Hayabusalândia”). A Ninja 12 era para ser a cartada triunfal da Kawasaki para acabar com o jogo entre as marcas japonesas de ver quem fazia a mota mais potente e mais rápida do mundo. Se começarmos pelo período em que a Honda lançou a XX Blackbird, cronologicamente temos a seguir a Hayabusa da Suzuki, e depois a Ninja 12 (lançada em 1999). Para terem uma ideia de como é feroz a competição entre as marcas japonesas reparem que até o nome da Suzuki mostra esse posicionamento: Hayabusa – japonês – espécie de falcão, que come pássaros, e a Honda chama-se Blackbird!

Podemos dizer que em termos de perfomance a Busa engoliu duma assentada a Blackbird e cuspiu as penas. Portanto até 2006 tivemos num canto a Busa e no outro a Ninja 12. Degladiaram-se nas pistas, nos testes, nas vendas, nas auto-estradas, no boca-a-boca nos cafés. Então a BMW espantou tudo e todos com a K1200S. Os amigos germans perderam a cabeça e passaram a fronteira auto-imposta dos cem cavalos, logo com um passo de gigante. Ou por outras palavras abriram a pestana e finalmente presentearam o mundo com a versão alemã de uma mota que anda ali entre o hiperdesportivo e o superturismo. Uma mota de estrada com um motor de 4 cilindros, 1200cc, de 160 cv!, uma ciclista capaz de fazer tremer as all mighty japonesas, e bastante mais confortável. E por fim no ano passado a Kawasaki lançou a ZZR 1400.

Agora a vida da Ninja 12 tal como a conhecemos está a chegar ao fim. Em estilo de biografia podemos dizer que viveu marcada pelo duelo com a Busa.
Este duelo mais do que ser épico é um retrato perfeito do que é a relação do homem com a sua máquina.

Quem tem a Ninja 12 dirá sempre que é a melhor mota do mundo e vice-versa. Em comum essas pessoas têm também o facto de a sua paixão ter crescido com a utilização. (Ou isso, ou ficaram intimidadas pela bestialidade duma ou outra e venderam-nas logo de seguida.) Mas será que é possível chegar a uma conclusão?

Vamos lá ser honestos e pôr as paixões de lado. A Kawasaki Ninja ZX12R nunca conseguiu assumir-se, para lá de qualquer dúvida, como a melhor hiperdesportiva do mundo. Ah pois não! No mínimo dos mínimos sempre subsistiu a dúvida “será que é?”, “será que não é”, “é mais rápida?”, “mais velocidade de ponta?”, “ melhor binário?”, “mais elástica?” “melhor na Dragstrip?”, “melhor a curvar?”, “melhor no conjunto?”, “e se lhe fizermos um tuningzito?”, “eu acho que sim”, “eu acho que não”. Polémico, portanto.

As opiniões vão dividir-se sempre. Até conheço mais do que um representante de uma ou ambas as marcas (Suzuki e Kawasaki) que com frequência colocava essa pergunta aos seus clientes “mas qual é que achas que é a melhor?”.

Em vários testes independentes, sem kitanços de parte a parte, só com as meninas de origem, a Hayabusa bateu vezes repetidas a Ninja. Para ser justo também tenho visto ao longo do tempo alguns testes em que uma Ninja bateu uma Busa. Quanto a kitanços nem vou entrar por aí por uma razão simples: até hoje ainda ninguém descobriu qual o verdadeiro limite do motor da Busa! Elas continuam a aparecer com 499 cv e 700cv e até em carros de corridas são usados. Isso traz muitas outras variáveis para a questão, portanto fica para outro dia.

Como proprietário de uma Hayabusa ouvi dezenas de vezes tipos a dizer com um sorrisito travesso “mas a Ninja 12 é melhor”, na maioria são pessoas que nunca fizeram muitos kms em nenhuma das duas, muitas nem sequer chegaram a sentar o cú em qualquer uma delas, quanto mais rodar kms suficientes em ambas para perceber qual é a melhor. Quanto aos que tiveram oportunidade de andar nas duas o suficiente, nunca conheci ninguém que racionalmente conseguisse dizer esta é melhor, ou aquela é que é. Só emocionalmente.

Mas digamos por hipótese que no combate Ninja12 v Busa o juri estava dividido por igual e que se avistava um empate técnico. Se dúvidas houvesse elas desfizeram-se no dia em que a Kawasaki lançou a ZZR 1400. Nas palavras do próprio director de marketing mundial da Kawasaki na conferência de imprensa no lançamento “Estávamos fartos de ouvir falar da Hayabusa”. Isso significa que a Busa venceu aos pontos no que diz respeito a: vendas, testes e na mota mais frequentemente mencionada como a melhor hiperdesportiva do mundo. A Kawasaki quis claramente pôr um ponto final nesse assunto, e para isso teve a necessidade de fazer uma mota em vários aspectos melhor que a 12. E agora nos testes a nova ZZR 1400 bate a Hayabusa e ponto.

Encerrada que está a discussão dos números (potência, e tempos), até a próxima versão da Busa sair, deixem-me dizer o que eu sempre pensei desta discussão entre a 12 e Busa: é conversa de merda. É conversa do género “a minha pila é maior que a tua”, mas por uma diferença de milímetros, não de metros e muito menos de kms.

Eu que vivo no mundo real das perfomances humanas, que não tento fazer numa mota mais do que me sinto confortável fazer, vejo a questão bem mais de outra maneira. Vou dar-vos um exemplo: eu e o meu cunhado vamos para a serra, ele vai na 12 dele eu vou na minha Busa, ele curva mais rápido que eu. Nós trocamos de motas como fizemos milhares de vezes, ele continua a curvar mais rápido que eu. Ou seja, o que as mãozinhas do condutor conseguem fazer é bem mais relevante do que qual delas é a máquina com os melhores tempos. Qual é a conclusão?

Na estrada, em última análise, o mesmo condutor da vida real, num mundo real, (por oposição aos deuses que vemos no Motogp) não conseguirá ser estupidamente mais rápido numa ou noutra, mas conseguirá ser estupidamente feliz por igual a conduzir ambas.

E se para ti isto não for o mais importante, então o melhor é ires para uma dragstrip fazer arranques contra uma Ninja, ou contra uma Busa conforme a que for a menina dos teus olhos. Ou para a auto-estrada que é que faz muita gente. Pessoalmente, não acho muito interessante, e depois mesmo aí as mãozinhas fazem diferença.

1 comentário:

manobro12 disse...

A 12 da foto só é linda porque tem um saco de depósito vindo de uma hayabusa né? ehehehe missilbikes rule!!!